segunda-feira, 23 de junho de 2014

Síndrome do Pensamento Acelerado: O Novo Mal do Século

Tá acelerado? Não consegue se desligar? A mente anda a mil? A sensação é de que você é um carro descendo ladeira abaixo sem freios? Cuidado, você pode ser uma vítima da SPA- Síndrome do Pensamento Acelerado.

A necessidade de estar conectado o tempo todo é um dos principais sintomas. Uma tempestade de estímulos invade o cérebro e a pessoa não consegue organizar-se. A capacidade de concentração fica prejudicada e o sentimento de cansaço é constante. A flutuação o humor também é outro sintoma presente, bem como a dificuldade para contemplar as pequenas coisas da vida, como por exemplo, apreciar uma paisagem sem preocupar-se com o relógio.

O funcionamento hiperacelerado da mente impede que a pessoa tenha condições de gerenciar seu próprio pensamento e isto pode acarretar um comprometimento de seu rendimento intelectual. Então, engana-se quem pensa que os indivíduos com SPA não sejam pessoas inteligentes. Há inteligência sim!

A SPA atinge crianças e adultos. É, por vezes, confundida com a Hiperatividade, mas são problemas diferentes. Enquanto a hiperatividade tem fundo genético, a SPA não tem. A Hiperatividade manifesta-se na infância, enquanto a SPA apresenta-se com o passar dos anos. Não ocorrem alterações metabólicas na SPA. O que acontece no pensamento acelerado é uma falha funcional e social. Esta falha pode ser corrigida com o uso de técnicas usadas no tratamento psicoterapêutico.

Duas funções fundamentais para o convívio em sociedade ficam afetadas na SPA: saber pensar antes de agir e saber se colocar no lugar do outro (a famosa empatia).  Pensar rápido nem sempre é o melhor. A pessoa corre o risco de não fazer uma avaliação prévia das consequências advindas de uma conclusão intelectual imediata.

Uma análise interessante a ser feita, ao afirmarmos que a SPA é o Mal do Século,  é a de que: as doenças não surgem por acaso. Elas são frutos de determinadas épocas. Dependem do contexto para sua proliferação, ou melhor, nutrem-se de elementos componentes do meio social em vigência e se fortalecem através destes elementos. Se pararmos para fazer uma reflexão, não há momento mais propício para o afloramento e intensificação da SPA, já que o avanço tecnológico chegou como uma avalanche de informações que devem ser adquiridas a todo custo.

Há algo muito importante a ser dito: a velocidade do pensamento deve e pode ser controlada por você! É possível desacelerar. Evite acessar redes sociais, responder e-mails, ficar checando informações no computador ou vendo um filme de ação na televisão poucas horas antes de deitar. Relaxe sua mente e prepare-a gradativamente para que ela entenda que vai entrar num estado de repouso. Procure expor-se ao mínimo de estímulos possível. Essa ideia propagada, aos quatro cantos do mundo, de que somos capazes de realizar dezenas de tarefas ao mesmo tempo, não é a mais saudável. Não há razões para buscar uma hiperexcitação. A não ser que você esteja querendo ficar esgotado em um curto espaço de tempo.

Pensar é bom, mas pensar excessivamente é algo que rouba a nossa qualidade de vida.

Aqui vale um conselho para os pais: não superlotem o dia dos seus filhos com várias atividades que, muitas vezes, nem mesmo você sabe a finalidade. Todos nós precisamos de tempo para assimilar um estímulo. É com este tempo que iremos processá-lo em uma mensagem, interpretá-lo. Não sufoque seus filhos com aquilo que você acha que é o melhor. Deixe tempo para ele poder se sentir, conversar consigo mesmo, olhar para dentro dele.  É interessante conhecer o mundo, porém, muito mais interessante é conhecer o mundo que existe dentro de nós. Isto é o que nos dará ferramentas para sabermos administrar nossos pensamentos!

Espero você em nosso próximo texto!

Thatianny B. M. da Silva

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Síndrome do Pequeno Poder: Poder legítimo ou poder ilusório?

Poderíamos dizer de uma forma simples que se trata de uma síndrome na qual a pessoa pensa ter poder sem ter. Na verdade, não há o respaldo de autoridade que ela imagina. Todo o poder que ela idealiza não passa de uma mera imaginação, fantasia. É um desvio de comportamento.

Arrogante é um dos adjetivos mais comumente atribuídos a quem tem esta síndrome. Ele se acha senhor e vê o outro como escravo. Quer manipular os outros como se fossem marionetes, fantoches.

Se fôssemos fazer uma análise do perfil psicológico do “detentor” deste poder, certamente, seriam identificadas algumas características, dentre elas: baixa autoestima, necessidade de autoafirmação e complexo de inferioridade.

A necessidade de esconder este complexo faz com que a pessoa faça uso do poder como uma máscara. É um modo de disfarçar o sentimento de inferioridade para que os outros não percebam suas fraquezas. Não deixa de ser uma espécie de mecanismo de defesa. A sensação de estar exercendo uma posição poderosa funciona como um muro que o protege de possíveis críticas ou mesmo de se olhar no espelho para assim, reconhecer suas fragilidades.

O abuso do poder é algo que pode ser visto nas relações em sociedade. Esse abuso, muitas vezes, é fortemente explícito no exercício de determinadas profissões (militares policiais, profissionais de empresa de segurança, porteiros). Também, por vezes, é tipicamente vivenciado nas relações marido-mulher. O homem se sente dono do que ele interpreta como propriedade sua e, exorbitando de sua autoridade, violenta a mulher. Deste modo, a violência o propicia uma falsa sensação de poder sobre o outro.

Essas pessoas são descritas como opressores. Humilham e passam por cima de todos. Não respeitam a opinião de ninguém. Somente seu pensamento deve prevalecer. Uma ideia constante e obsessiva é presente em sua mente: a de que ele deve ocupar no trabalho uma posição de status, de alta importância. Na busca incessante por este posto elevado, ele não mede esforços e nem se preocupa em como atingirá seu propósito. Fica enciumado se um colega recebe uma promoção que ele considerava com sendo sua por direito.

Inteligência emocional é algo que falta ao sujeito que tem a síndrome do pequeno poder, pois ele é incapaz de reconhecer que todo ser humano é constituído de potencialidades e limitações, que o autoconhecimento é a estrada para o aperfeiçoamento.

Imperador sem coroa, Majestade sem reino: penso que não há descrição mais perfeita para sintetizar a síndrome do pequeno poder. À pessoa que sofre com esta síndrome não foi legitimamente e nem muito menos formalmente concedido nenhum poder. Sendo assim, só existirá opressor se o oprimido se deixar curvar. É preciso lutar contra esta opressão, não se sujeitar a este autoritarismo. Agindo desta maneira, não reforçaremos o comportamento inadequado daquele que pensa ser poderoso e não colaboraremos para a perpetuação deste ciclo. Precisamos evitar a retroalimentação positiva na qual carregamos o sistema de informações que ajudam o fenômeno a se repetir. Em outras palavras, o medo/ a apatia/ a inércia do oprimido alimenta de forças o opressor para que ele repita seu comportamento doentio.

Por outro lado, é imprescindível que a pessoa reconheça que precisa de ajuda e busque este suporte emocional por intermédio de um processo de psicoterapia onde ela tentará descobrir as razões desta necessidade em sentir-se importante, o que ela está a fazer consigo mesma e com aqueles que circundam seu meio.
Até nosso próximo encontro! Deixem suas sugestões de temas futuros.

Thatianny B.M. da Silva