sexta-feira, 20 de junho de 2014

Síndrome do Pequeno Poder: Poder legítimo ou poder ilusório?

Poderíamos dizer de uma forma simples que se trata de uma síndrome na qual a pessoa pensa ter poder sem ter. Na verdade, não há o respaldo de autoridade que ela imagina. Todo o poder que ela idealiza não passa de uma mera imaginação, fantasia. É um desvio de comportamento.

Arrogante é um dos adjetivos mais comumente atribuídos a quem tem esta síndrome. Ele se acha senhor e vê o outro como escravo. Quer manipular os outros como se fossem marionetes, fantoches.

Se fôssemos fazer uma análise do perfil psicológico do “detentor” deste poder, certamente, seriam identificadas algumas características, dentre elas: baixa autoestima, necessidade de autoafirmação e complexo de inferioridade.

A necessidade de esconder este complexo faz com que a pessoa faça uso do poder como uma máscara. É um modo de disfarçar o sentimento de inferioridade para que os outros não percebam suas fraquezas. Não deixa de ser uma espécie de mecanismo de defesa. A sensação de estar exercendo uma posição poderosa funciona como um muro que o protege de possíveis críticas ou mesmo de se olhar no espelho para assim, reconhecer suas fragilidades.

O abuso do poder é algo que pode ser visto nas relações em sociedade. Esse abuso, muitas vezes, é fortemente explícito no exercício de determinadas profissões (militares policiais, profissionais de empresa de segurança, porteiros). Também, por vezes, é tipicamente vivenciado nas relações marido-mulher. O homem se sente dono do que ele interpreta como propriedade sua e, exorbitando de sua autoridade, violenta a mulher. Deste modo, a violência o propicia uma falsa sensação de poder sobre o outro.

Essas pessoas são descritas como opressores. Humilham e passam por cima de todos. Não respeitam a opinião de ninguém. Somente seu pensamento deve prevalecer. Uma ideia constante e obsessiva é presente em sua mente: a de que ele deve ocupar no trabalho uma posição de status, de alta importância. Na busca incessante por este posto elevado, ele não mede esforços e nem se preocupa em como atingirá seu propósito. Fica enciumado se um colega recebe uma promoção que ele considerava com sendo sua por direito.

Inteligência emocional é algo que falta ao sujeito que tem a síndrome do pequeno poder, pois ele é incapaz de reconhecer que todo ser humano é constituído de potencialidades e limitações, que o autoconhecimento é a estrada para o aperfeiçoamento.

Imperador sem coroa, Majestade sem reino: penso que não há descrição mais perfeita para sintetizar a síndrome do pequeno poder. À pessoa que sofre com esta síndrome não foi legitimamente e nem muito menos formalmente concedido nenhum poder. Sendo assim, só existirá opressor se o oprimido se deixar curvar. É preciso lutar contra esta opressão, não se sujeitar a este autoritarismo. Agindo desta maneira, não reforçaremos o comportamento inadequado daquele que pensa ser poderoso e não colaboraremos para a perpetuação deste ciclo. Precisamos evitar a retroalimentação positiva na qual carregamos o sistema de informações que ajudam o fenômeno a se repetir. Em outras palavras, o medo/ a apatia/ a inércia do oprimido alimenta de forças o opressor para que ele repita seu comportamento doentio.

Por outro lado, é imprescindível que a pessoa reconheça que precisa de ajuda e busque este suporte emocional por intermédio de um processo de psicoterapia onde ela tentará descobrir as razões desta necessidade em sentir-se importante, o que ela está a fazer consigo mesma e com aqueles que circundam seu meio.
Até nosso próximo encontro! Deixem suas sugestões de temas futuros.

Thatianny B.M. da Silva

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