quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Alienação Parental: Você sabe o que é?


Acredito ser de extrema magnitude o esclarecimento do termo acima, já que se tornam cada vez mais frequentes, nos dias atuais, os processos de divórcio com consequente disputa de guarda pelos filhos advindos do casamento.

A Alienação parental já existe há algum tempo, mas essa terminologia só foi inserida no meio jurídico e científico há pouco tempo. O termo foi criado por Richard Gardner, professor do Departamento de Psiquiatria Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade de Columbia, em Nova York, EUA e é de fundamental importância ser aprofundado pelos operadores de Direito e todos os demais profissionais envolvidos com os trabalhos tipicamente executados nas varas de Família e Sucessões dos tribunais de justiça. Também se faz imprescindível uma orientação àqueles que são os protagonistas de uma disputa de guarda: os pais.

É comum que, no confronto nascido de um processo de separação conjugal, as partes se sintam magoadas e daí, surjam sentimentos de vingança, de desejo de prejudicar o outro. Quando o casal tem filhos, infelizmente, a(s) crianças(s) são usadas como uma maneira de manipular a situação, uma forma de ter o controle, de exercer o poder. E assim, muitas vezes, a criança é a que mais sofre em meio a uma “chuva” de emoções conflitantes.

Ao genitor que procura de toda forma denegrir a imagem do outro genitor perante o filho, damos a denominação de genitor alienador. Ao que sofre com as informações inverídicas ou pejorativas criadas pelo genitor alienador, é dado o nome de genitor alienado. Esclarecendo melhor: o genitor alienador é aquele que ficou com a guarda da criança/adolescente e o alienado é o que “perdeu” na disputa da guarda.

É neste instante que o terreno pode ser fértil para o aparecimento da alienação parental: um dos genitores, movido pelo ódio, tentará afastar o filho do convívio com o outro genitor, usando as mais diversas estratégias: acusando o genitor alienado de praticar abuso sexual, acusando-o de ser negligente nos cuidados necessários para com a criança; “implantando” na mente da criança/adolescente ideias negativas com relação à figura do genitor alienado; fazendo com que o afeto da criança/adolescente pelo genitor alienado seja destruído e assim, não haja mais o interesse de ter contato com este; impedindo que o genitor alienado tenha acesso às informações sobre o desempenho do filho na escola ou mesmo sobre aspectos do quadro de saúde deste, dentre outras artimanhas.

A Alienação parental pode se dá em três níveis: leve, moderado e grave. No estágio leve, fica ainda mais delicado diagnosticar o quadro, pois as estratégias usadas pelo genitor alienador são sutis. Por isso, a necessidade de uma equipe multidisciplinar para identificar o caso e tomar as providências cabíveis.

Para agravar a situação, a alienação parental pode desencadear na criança/adolescente o que chamamos de Síndrome da Alienação parental caracterizada por sintomas tais como: instabilidade emocional, depressão, stress, desorganização mental, ansiedade. Dependendo da gravidade, pode provocar a ocorrência de suicídio, transtorno de identidade, atitudes agressivas, dificuldades de adaptação ao meio.

Devemos lembrar que tanto a criança como o adolescente são seres em formação, ou seja, cujo processo de desenvolvimento está incompleto. Deste modo, o que acontece, neste momento marcado por tantas mudanças advindas de um rompimento conjugal, refletirá sobre esses seres frágeis e ainda dependentes, repercutindo em suas esferas emocional, psicológica, biológica, social.

Ao lembrarmos este precioso detalhe (de que os filhos estão em curso de desenvolvimento), evitaremos uma série de transtornos, tais como os mencionados anteriormente. Ademais, os pais devem estar conscientes de que é direito do filho ter a liberdade de ele próprio formular o seu conceito a respeito de ambas as figuras parentais. Cada um deve sentir-se livre para elaborar sua própria concepção sobre os genitores. Procedendo assim, evitaremos que haja comprometimento na construção da identidade deste futuro adulto, permitiremos que ele tenha a liberdade de dar sua opinião sem ser coagido/manipulado, afastaremos a possibilidade de criar um sentimento de aversão no que se refere à constituição de uma futura família, dentre tantos outros prejuízos.

Pelo acima exposto, conclui-se que precisamos ter consciência de que questões referentes à relação a dois devem ser tratadas no âmbito da relação do casal e não devem “vazar” para outra esfera, atingindo aqueles que devem ser protegidos.  Se há algo para resolver com seu antigo parceiro, resolva diretamente com ele. Deixar aspectos pendentes e relativos à questão conjugal extrapolarem e repercutirem sobre seres inocentes é uma atitude egoísta, tomada sem se colocar no lugar do outro. Isto sem falar na possível consequência que tal comportamento, quando identificado pelo juiz ou denunciado pelo genitor que se sente prejudicado em seus direitos, pode gerar: a perda da guarda, pois o juiz pode voltar na sua decisão, solicitando uma perícia psicológica ou biopsicossocial, com o objetivo de proteger a integridade da criança envolvida, e transferir o poder pela guarda ao genitor alienado, ou seja, aquele que está com seu papel e atuação ameaçados pelo genitor alienador. O genitor alienador poderá ainda ser punido com pagamento de multa, bem como ter diminuição do seu tempo de permanência com o filho ou ter seu poder familiar cassado.

Por estas e outras razões, tem se pensado, ultimamente, no âmbito do Judiciário, em optar, cada vez mais, pela guarda compartilhada, pois, acima de tudo, o que se objetiva é muito mais do que a divisão de direitos e deveres entre os pais. O objetivo principal é que ambos (pai e mãe) possam exercer uma participação a mais completa possível na vida da criança/adolescente, já que esta participação funcionará como aspecto basilar para que os filhos, ao tornarem-se adultos e vierem a constituir suas famílias, tenham subsídios para efetivarem esta construção.

Para maiores esclarecimentos, acesse a lei que versa sobre a alienação parental:
Um abraço e até nosso próximo encontro!
Feliz Natal!
Thatianny Moreira


domingo, 18 de novembro de 2012

Levantando Hipóteses que possam explicar o Caos da Contemporaneidade


Há algum tempo, penso nos possíveis fatores que possam explicar a desordem que se observa em nossa sociedade.

Noticiários assustadores chegam aos nossos olhares por meio da televisão. Atos de violência, que se finalizam com mortes, tem sido motivo de preocupação, mais recentemente, no Estado de São Paulo. E a população, em estado de choque, indaga-se do que pode estar levando as pessoas a comportamentos tão brutais.

Hoje, lendo um livro: Do Direito ao Pai, da autoria de Fernanda Otoni de Barros, percebi que a resposta pode estar no processo de perda que vem sofrendo a autoridade paterna.

Antigamente, o pai era o chefe da família, a voz que estabelecia a ordem, a palavra que não se questionava. À mulher cabia obedecer e confirmar essa autoridade. O poder paterno era de tal dimensão que, um filho homem só se tornaria homem depois que seu pai morresse. Todo esse poder era legitimado pelas instituições jurídicas, pelas leis. Desta forma procedeu-se nas Ordenações Filipinas, assim como no Código Civil de 1916. O Estado não intervinha na família. A soberania do pai era absoluta e seu poder incontestável. Receber o sobrenome do pai em seu nome era algo tão forte que ajudava até mesmo no fechamento de negócios, na firmação de contratos. Qualquer ato do filho só teria validade mediante a autorização do pai ou senão por intermédio da emancipação.

Esse contexto em muito mudou a partir da publicação do novo Código Civil e da Constituição de 1988. A partir daí, homens e mulheres foram considerados iguais perante a lei. A maternidade foi ganhando cada vez mais espaço, enquanto que o poder pátrio entrou em declínio. O movimento feminista também colaborou para a modificação do quadro anterior. Foi também instituída a Lei do Divórcio e as mulheres ganharam mais poder com relação à guarda dos filhos. Além disso, ao Estado foi dada a obrigação de proteger a família e, aqui, começou sua intervenção nas relações familiares.

Não que eu discorde do avanço legislativo. Pelo contrário, as leis precisam se contextualizar, precisam levar em consideração os fatores sociais, históricos, culturais. Essa atualização é imprescindível para que os instrumentos jurídicos se façam eficazes e eficientes. Mas, é impossível não enxergar o equívoco que se formou em torno dessa “igualdade” atribuída a homens e mulheres. Que somos iguais, todos concordamos. Porém, há papéis que são e continuarão para todo o sempre sendo fundamentais para a estruturação psíquica do sujeito e, consequentemente, para a formação de sua identidade.

É inegável a poderosa simbologia que tem a figura paterna na vida de uma criança. Sem ela, a criança não tem acesso à lei, não conhece os limites imperiosos de uma vida em sociedade. E a mulher, como mãe, tem uma função essencial nesta tríade (pai-filho-mãe): abrir a porta de acesso para que seu marido instaure a interdição necessária ao filho. Interdição essa que será base para a estruturação de uma vida psíquica saudável.

Ao homem não deve ser delegado apenas o papel biológico, de reprodutor, de ser que “empresta” o seu espermatozoide para gerar outro ser. A paternidade não pode se resumir a uma confirmação de teste de DNA. Pai é muito mais que isso. Sem ele, nossas crianças ficam á mercê das drogas, dos atos infracionais, da prostituição e de tantos outros absurdos que assolam a nossa sociedade e nos causam tanta angústia.

Não é o fato de a atual Constituição garantir ao indivíduo o direito de ter acesso a sua verdadeira paternidade que irá garantir um pai a um filho. É a mãe, antes de qualquer legislação ou qualquer outra coisa, que assegurará o exercício da paternidade. O discurso materno precede a ordem jurídica. Mais uma vez, quero deixar claro que não se trata de desqualificar a ordem jurídica. Minha colocação é antes de tudo uma convocação para que as famílias não deixem de exercer seu papel. Um chamado clamoroso para que as mulheres não disputem com os homens nesta seara, pois precisamos nos conscientizar que há funções que, segundo os conhecimentos da Psicanálise, são determinantes para a constituição do sujeito e, se o pai não consegue exercê-las, corremos um grave risco de ver comprometido o futuro de uma criança.

Até nossa próxima publicação!
Um abraço
Thatianny Moreira




terça-feira, 16 de outubro de 2012

Considerações a respeito das conclusões decorrentes de uma pesquisa sobre relações extraconjugais:


Como se não bastassem os diversos fatores que bombardeiam a instituição família, dados revelados por uma pesquisadora e socióloga, entrevistada na Revista Época, http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/10/aprenda-esperar.html , na pg. 72, parte IDEIAS, acabam por tornar ainda mais árdua a nossa tarefa de profissionais que atuam com o intuito de preservar os valores que devem ser cultivados no ambiente familiar.

A socióloga, conhecida por ser superpolêmica em seus pontos de vista, divulgou dados de sua pesquisa realizada com usuários de sites para infiéis. Na entrevista chega a verbalizar a seguinte afirmação: “Gostar de comer em casa diariamente não nos impede de ir ao restaurante de vez em quando”. Tamanha irresponsabilidade não pôde passar despercebida por mim, já que, na minha prática clínica, deparo-me com adolescentes, mães e pais destruídos emocionalmente em virtude de traições cometidas por um dos parceiros. Portanto, sinto-me com autoridade suficiente para me manifestar.

Afirmar que “ter um caso faz bem ao casamento” é uma atitude no mínimo irresponsável. Devemos trabalhar a favor da instituição família e não contra ela. É claro que não se deve manter o casamento quando se está infeliz e que, muitas vezes, a saúde dos membros de uma família poderá ser resgatada optando por um divórcio mais do que se os pais permanecerem “unidos”; como, inclusive, já discuti aqui no meu blog em outro texto. Porém, penso que, se um casal perdeu a vitalidade da vida sexual, a solução não está em incentivar o sexo fora do casamento. Penso que o tédio apenas tomará conta do matrimônio se não houver interesse do casal em driblá-lo. Penso que muitos anos de casamento não, necessariamente, faz com que marido e mulher deixem de serem “amantes românticos”. Penso também que marido e mulher podem e devem ser amigos e, portanto, não concordo com o que a socióloga declarou ao entrevistador: que “os casais viram mais amigos que amantes românticos e isso ajuda a explicar porque buscamos mais casos extraconjugais hoje em dia”.

É inacreditável inclusive outra sugestão dada pela pesquisadora: a de que é preciso ignorar a traição e seguir adiante com o relacionamento. Esse “conselho” desconsidera a dor de quem foi traído e é indiferente ao problema pelo qual esse casamento está sendo assolado. Dizer que uma relação extraconjugal traz melhoras ao matrimônio e que “as pessoas ficam mais felizes e bem-humoradas” é algo absurdo. Como é possível ser feliz com base em comportamentos que não priorizam o respeito na relação?! O respeito é algo básico em qualquer relação a dois.

A falta de respeito à dor de quem sofreu a traição não está, no meu entendimento, sendo levada em consideração nas declarações feitas nesta entrevista. Afirmar que a pessoa traída se sente pressionada pela sociedade que cobra uma atitude ­­­­­­­e que “a fofoca é um poderoso mecanismo de pressão social” é, no mínimo, pressupor que o ser humano não é um ser ativo, capaz de fazer suas escolhas e tomar suas decisões. O ser humano não é um mero fantoche que a sociedade usa em suas “brincadeiras”.

Não posso me omitir diante de tão aberração textual! Nem posso me conformar em ver o ser humano, algo que para mim é tão precioso em minha atuação profissional, rebaixado a tal nível. Nós não somos canibais que saímos pela rua procurando outra carne para nos deliciarmos sexualmente. Não somos objetos de consumo. Não podemos admitir tamanha ameaça à instituição família. E não se trata de mero moralismo. Trata-se, antes de qualquer coisa, de proteger algo que já vem sendo tão prejudicado com as drogas, com a falta de responsabilidade pela saúde/educação por parte dos nossos governantes, com a falta de vergonha por parte de alguns que representam a política, entre tantos outros determinantes.

Se você está infeliz no seu matrimônio, a sua felicidade, com certeza, não será encontrada no desfrutar de tantos quantos corpos você desejar possuir fora de sua casa. Até porque essa busca será seguida por um imenso vazio, um vazio sem precedentes e que não lhe fará um sujeito mais consciente de seus atos e, portanto, não mais maduro.
Até breve.
Thatianny Moreira

Como superar a dor da morte?



 Infelizmente, sabemos que é inerente ao ser humano a finitude. Nós nascemos, crescemos, desenvolvemos e morremos. É por isso que dizemos que a única certeza que temos é a morte.

Apesar de ser algo certo, o ser humano vivencia tal momento com muita dor, angústia, medo e inconformismo. Não aceitamos com facilidade a perda de um ente querido, de alguém especial e muito significativo em nossas vidas. E isso é mais do que compreensível. Mesmo as pessoas que têm uma vida espiritual desenvolvida têm dificuldade de assimilar tal informação. Mas, sem dúvida, conseguem transpo, o momento advindo com a partida de um ente querido, com menos transtornos que aqueles que não têm crença alguma.

A morte nos abala também porque causa toda uma desestruturação numa dinâmica que já estava organizada e em funcionamento. Com a partida de alguém, principalmente dependendo da função desempenhada por esta pessoa na família (às vezes, a pessoa que partiu era a voz ativa ou mesmo o provedor do lar), a desorganização gerada torna-se ainda maior. A pessoa se vê perdida, sem rumo, impotente. O estado de choque paralisa aquele que ficou de tal forma que não consegue agir.

Alguns autores já escreveram sobre os estágios vivenciados por uma pessoa que passou pela situação traumática de perder alguém. Os estágios são os seguintes: primeiramente, há uma negação do acontecido. A dor é de uma dimensão tão gigantesca que preferimos negar que o fato ocorreu. É um mecanismo de defesa acionado por nossa psique. Em seguida, vem a etapa da Raiva, da Ira. O ser se revolta com a perda. Fica irritado, não aceita, tem comportamentos agressivos, briga com Deus e com todos. Num terceiro momento, vem a Barganha. Tentamos negociar com Deus um retorno do ente que morreu. Fazemos promessas, juramentos. A todo custo, procuramos reaver o que foi perdido. O estágio seguinte é o da Depressão. Depois de tanto empenho, tanto desgaste físico e mental, é como se a pessoa já não mais dispondo de forças, de energias, desfalece. Entrega-se, então, à depressão. Após esse estágio, temos o da Aceitação onde a pessoa, finalmente, conseguiu “assimilar” a morte do outro. Percebendo que já não é possível barganhar, já não mais adianta chorar, ficar deprimido, é hora de seguir adiante e reorganizar a vida.

Passada a tempestade maior, esse é então o momento de lidar com a nova composição familiar, com a nova dinâmica da vida. Amigos, parentes são de fundamental importância nesse instante. A solidariedade dos outros é essencial para que a pessoa possa se reerguer, reconstruir-se. É a hora de buscarmos os recursos que temos disponíveis para recomeçar. A lembrança do ente querido vai ficar guardada na memória e no coração de quem ficou. Mas quem ficou precisa continuar valorizando a sua existência. É necessário prosseguir cuidando de si mesmo e de quem ficou que, algumas vezes, ainda é alguém que depende de atenção, carinho e cuidados básicos para sobreviver (quando morre um pai ou mãe que deixaram filhos pequenos).

Em decorrência de todos os motivos, acima elucidados, recomenda-se um acompanhamento psicológico para aqueles que ficaram. A psicoterapia vai auxiliar nesta nova caminhada e, aos poucos, com o devido suporte e a atenção genuína de um profissional da Psicologia, vamos chegando à conclusão de que a vida é assim: um verdadeiro recomeçar, um ciclo que não para.

A todos, um caloroso abraço.
Thatianny Moreira

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Por que o índice de divórcios tem aumentado?


No dia 17 de setembro deste ano, fui convidada para uma entrevista no Programa PAZ E AMOR, exibido na TV DIÁRIO, para abordar um tema em evidência nos dias atuais: o motivo de termos apresentado um aumento expressivo no número de divórcios ocorridos no Brasil.

Na ocasião, devido ao tempo reduzido em virtude do horário eleitoral, não deu para que eu enumerasse os tantos fatores que considero como possíveis causadores das desavenças que levam a uma separação conjugal. Inclusive, caso consiga ter acesso ao vídeo da entrevista, colocarei disponível aqui no meu blog para que possam apreciar.

Na abertura da entrevista, pontuei que o fato de ter havido uma alteração na legislação civil colaborou, de certa forma, para que os casais, já predispostos à separação (leia-se aqui aqueles casais que já estavam passando por uma grande turbulência no matrimônio, mas que não tinham coragem para tomar iniciativa por vezes por conta da morosidade processual), tomassem as medidas necessárias. Isto porque passou a ser possível o divórcio por intermédio dos cartórios em um prazo mínimo de trinta dias, quando o casal não tem 
filhos (quando há filhos, a via judicial é obrigatória).

Em seguida, elenquei a questão da falta de diálogo e de tolerância entre marido e mulher como fatores que podem gerar o desgaste da relação com posterior desejo de divórcio. Situações nas quais não há a aceitação da personalidade do outro, as diferenças fazem com que a convivência fique intolerável. Somado a isto a impossibilidade de expressar o pensamento pelo fato de uma das partes não viabilizar espaço para o outro se colocar, o divórcio acaba sendo a alternativa.

Mas, além destes motivos, há também a grande transformação ocorrida na dinâmica familiar a partir da inserção da mulher no mercado de trabalho de uma forma mais marcante, assumindo, por vezes, a frente das despesas do lar e tornando, para alguns homens, difícil a assimilação de tal mudança.

Se fizermos uma retrospectiva histórica, vamos lembrar também que, antes, os casamentos eram “arranjados” e a mulher não tinha liberdade de escolher o seu pretendente. Desta forma, ficava difícil cultivar algum tipo de sentimento por alguém que nem se conhecia. Ademais como poder estabelecer uma parceria com alguém com o qual se tinha casado a contragosto?

Para finalizar, podemos também lembrar a sociedade atual consumista e descartável na qual tudo pode ser trocado com facilidade, jogado fora sem medo, pois “algo melhor será encontrado”. Tudo assim: simples e à mão.

Não estou aqui em defesa do divórcio ou do não-divórcio, até porque cada casal tem uma história que deve ser respeitada, mas será que não está na hora de revermos os valores que estão tentando nos vender?
Até a próxima!
Um abraço
Thatianny Moreira

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

É possível ficar viciado em aparelhos eletroeletrônicos?


A resposta ao questionamento acima é: Sim. Podemos nos tornar viciados nesse tipo de aparelho e o que é pior: o uso em excesso pode nos trazer uma série de prejuízos. É o que mostra uma reportagem de junho deste ano da Revista Época: O Celular que escraviza http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/06/o-celular-que-escraviza.html, apenas para citar um desses aparelhos engenhosos criados com o avanço tecnológico.
Não queremos aqui defender a não utilização de tais inventos. Sabemos que muitas dessas invenções vieram facilitar a vida do ser humano, trazendo novas formas de comunicação que puderam estreitar distâncias e amenizar a saudade ou mesmo o stress. Porém, quando usados sem ponderação, podem causar transtornos diversos como, por exemplo: dificuldade de socialização, timidez, alienação, comportamentos agressivos, casos de obesidade e até mesmo acidentes de trânsito.

Os estudiosos da Neurologia afirmam que aparelhos como o celular, os “vídeos games”, ipads e outros fornecem pequenos estímulos que, ao promoverem a produção de substâncias como a dopamina causa sensação de prazer em nosso organismo, podendo então, fazer-nos dependentes. Isso explica o porquê de não conseguirmos nos desligar deles e por isso, carregamos para onde pudermos. O problema tornou-se tão sério que já existem até centros de tratamentos para os transtornos desencadeados em virtude da dependência causada por tais produtos, como, por exemplo, o Centro para Tratamento de Vício em Internet e Tecnologia na cidade de West Hartford.

A dependência é causada porque, a cada mensagem, por exemplo, que recebemos em nossos celulares, ou a cada partida de um jogo eletrônico que vencemos, nosso cérebro registra uma forma de compensação, de reforço positivo que nos faz buscar mais e mais, em virtude da sensação prazerosa que isso nos proporciona.
As crianças e adolescentes tornam-se “presas mais fáceis” pelo seguinte motivo: o nosso cérebro amadurece por etapas e a última a atingir a maturidade é a do córtex pré-frontal que é responsável pelo autocontrole. É o autocontrole que vai nos capacitar a ter domínio sobre os nossos instintos, impulsos. É ele que vai nos dar condições de dizer “não” a algo.

O Programa A Grande Família, no episódio exibido no dia 30 de agosto de 2012, representou com humor, mas com precisão, o quanto a utilização desmedida dos aparelhos em questão pode provocar o distanciamento entre os familiares, inviabilizando o diálogo entre pais e filhos, avós e netos. No episódio, eles tentaram mostrar a importância de resgatar outras formas de diversão, de lazer que ficaram para trás, “enterradas” no passado, mas que colaboram imensamente para o desenvolvimento infantil e porque não dizer o desenvolvimento do ser que já se encontra na fase adulta, já que somos seres com possibilidade constante de amadurecimento.
E como saber qual o momento de limitar o uso de tais invenções? Quando você perceber que elas estão deixando de ser fontes de diversão e transformando-se em fonte de angústia, ou seja, quando você fica triste, deprimido só pelo fato de não conseguir ter acesso a uma internet, quando você fica extremamente irritado porque o seu celular não funciona, quando você faz uma viagem de férias e não consegue sair do quarto do hotel porque prefere ficar jogando o vídeo game que trouxe dentro da mala, enfim, ao perceber que determinado aparelho passou a ser o centro de toda a sua atenção e você ficou isolado das pessoas. Eu diria que, até mesmo muito antes disso, você já deve tomar precauções, dosando a quantidade de horas do seu tempo que você está disponibilizando para cada uma de suas atividades diárias.

E para finalizar, deixo aqui uma sugestão: precisamos mostrar às nossas crianças que tão interessante como um jogo eletrônico é tocar violão, ler livros, fazer palavras cruzadas, brincar de esconde-esconde, de pega-pega, etc. É importante que apresentemos outras alternativas de lazer.
Até nosso próximo encontro,
Thatianny Moreira

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Mensagem aos Visitantes

Aos que visitam o meu blog, em primeiro lugar, sejam bem-vindos!

Em segundo lugar, solicito a colaboração de todos, participando das nossas enquetes que são de extrema importância para a composição de novos artigos. É com base nos resultados dessas enquetes que são extraídas conclusões que servem de orientação para que mais textos sejam produzidos.

Participar das enquetes é muito simples e fácil. Basta selecionar uma das opções oferecidas abaixo da pergunta situada na lateral direita da página de abertura do blog.

As enquetes têm um prazo de duração que, após findado, gera uma estatística que é de extrema importância para a emergência de idéias, a organização de dados e confecção de parágrafos que, juntos, formarão o futuro texto publicado no blog.

Conto com vocês para a continuação de nosso trabalho de elucidação dos  mais diversos assuntos do interesse da sociedade no que se refere à Psicologia.

Um abraço
Thatianny Moreira

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Esclarecimentos sobre abrangência “do objeto” da Psicoterapia:


É comum recebermos ligações de pessoas indagando se há psicólogo que trate especificamente de determinadas questões, como: stress, depressão, dependência química, pânico, agressividade, dentre outros.
Alguns sabem da existência de formações específicas: as denominadas especializações nas quais o profissional se aprofunda em um determinado assunto, “afunilando” sua área de atuação e o público-alvo que pretende atender.

Assim como na Medicina, portanto, onde temos as várias especialidades: pediatria, geriatria, dermatologia, cardiologia, etc, a Psicologia também tem áreas delimitadas de atuação. No entanto, sabemos que o médico tem uma formação geral, completa e que engloba o conhecimento de todas as partes componentes do corpo humano, promovendo-lhe capacidade para entender o funcionamento do organismo como um todo. Da mesma maneira, a Psicologia prepara o profissional para ter um nível de compreensão global a respeito de todas as nuances que envolvem o comportamento humano.

A Psicologia é a ciência que estuda a mente e o comportamento humano. Baseados nesta concepção é que podemos afirmar que todos os fenômenos que se manifestam no ser humano de um modo geral podem ser contemplados pelo olhar do profissional que acompanha uma pessoa em um tratamento de psicoterapia.

Os sintomas são a expressão do que se processa internamente no indivíduo, do que se passa em seu mundo psíquico. Esses sinais se manifestam em um nível concreto por intermédio do que chamamos de comportamento. As reações comportamentais, emocionais do sujeito são nada mais nada menos do que a concretização do que acontece em termos de abstrações em seu universo interno, na sua mente.

Seguindo essa linha de raciocínio, podemos afirmar que todos os profissionais formados em Psicologia estão, teoricamente, capacitados a tratar as mais variadas “mazelas psíquicas” sejam elas uma fobia, um stress pós-traumático, um ataque de agressividade, uma tentativa de suicídio, etc. O que vai mudar é a postura de cada psicólogo, os métodos e técnicas aplicados de acordo com a abordagem teórica que ele elegeu para fundamentar sua atuação. É aqui que entram as várias teorias como: a Gestalt-Terapia, o Psicodrama, a Terapia Cognitiva, a Terapia Comportamental, a Abordagem Centrada na Pessoa, a Psicanálise, dentre outras.

Cada uma das teorias, mencionadas acima, tem seu modo particular de desenvolver o processo de psicoterapia. Elas são norteadas por conceitos que vão orientar a forma do psicólogo conduzir o seu trabalho. Elas servem de base para o profissional traçar o seu plano de ação. Aqui entram em cenas as técnicas que funcionam como instrumentos do trabalho do psicólogo. Vocês já devem ter ouvido falar de alguma: técnicas de dessensibilização, técnicas de relaxamento, inversão de papéis, dramatização, hipnose, regressão, duplo espelho, etc.

Com base no acima exposto, podemos concluir que, a priori, qualquer profissional da área de Psicologia está apto a atender qualquer público seja com qual demanda for. Além disso, o que deve estar em pauta não é o sintoma em si, mas a pessoa. O que deve ser foco é “ a pessoa que sofre” e não a doença.

Espero ter esclarecido as dúvidas referentes ao campo e ao objeto de atuação da Psicologia.
Até nosso próximo encontro.
Thatianny Moreira

terça-feira, 31 de julho de 2012

Sobre Enquete: Compra de Remédios Controlados Sem Receita

Nossa enquete obteve os seguintes resultados: Com um percentual de 66%, tivemos as pessoas que nunca precisaram recorrer à compra de medicamentos sem portar a receita passada pelo profissional da Medicina.

Num total de 33%, tivemos aqueles que tentaram obter o remédio sem apresentar a receita, mas não tiveram sucesso. Isso de uma certa forma, faz-nos acreditar que felizmente temos profissionais que atuam no ramo farmacêutico e agem de acordo com as normas exigidas, cuidando para que a população não corra riscos maiores ao consumir remédios sem uma avaliação médica.

Aproveitamos para ,mais uma vez, alertar que não se deve adquirir medicamentos sem que se tenha uma noção do seu quadro de saúde e que vários transtornos têm sido causado à Saúde Pública em decorrência de atos praticados sem que sejam seguidas as recomendações dos profissionais da saúde.
Queremos parabenizar àqueles que têm contribuído para a adoção de uma política de reeducação da população menos instruída, tanto não proliferando comportamentos tipificados como incorretos, quanto alertando quem costuma comprar remédios sem antes ter passado por uma consulta.

O momento também é oportuno para recomendar, àqueles que ainda não leram, a leitura de meu texto, publicado aqui no blog, cujo tema é: Desmistificando o uso de medicamentos e  alertando sobre a automedicação.

Lembramos que você pode participar, sugerindo temas para novas enquetes, escrevendo no espaço reservado aos comentários.

Um abraço e obrigada pela participação.
Thatianny Moreira

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Colcha de Retalhos

. O processo de psicoterapia transcorre em meio a um emaranhado de informações, trazidas pelo paciente, ao setting terapêutico (ambiente onde acontece o tratamento).

Essas informações são, a princípio, destituídas de uma organização, de um sentido, de um significado. Elas são verbalizadas como se não tivessem relação umas com as outras, como se fossem completamente desconectadas. À medida que o tratamento se desenvolve é que o paciente vai tornando-se capaz de realizar as associações necessárias e fundamentais para o processo de ampliação do seu nível de consciência (awareness- palavra já comentada em um artigo inicial deste blog).
Apenas com o decorrer do tempo, é que a pessoa vai adquirindo consciência que o habilitará a fazer os links, as pontes, as associações entre os diversos discursos que ela traz a cada sessão. É aí, que esse “todo”, inicialmente “desorganizado”, vai tomando forma, ganhando uma configuração, um formato acabado.

“Os pedaços de fala” do paciente são como retalhos de uma grande colcha que ainda não tomaram forma, mas que, com a ajuda do psicólogo, vão sendo, gradativamente, “costurados” até chegarem a sua forma “total”. Desta maneira, temos como resultado uma grande e elaborada colcha que, simbolicamente, representa a história de vida da pessoa. Cada um dos retalhos pode ser interpretado como as várias experiências, fatos, acontecimentos vivenciados pela por ela ao longo de sua trajetória.
Eis aqui a razão que me motivou a escolher as laterais do pano de fundo do meu blog: retalhos emendados configurando um todo, onde cada uma das partes é de especial significância para o resultado geral: o EU DO INDIVÍDUO, a sua personalidade, quem ele é enquanto ser no mundo e com o mundo.

Até nosso próximo encontro.
Thatianny Moreira

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Enquete sobre atendimento com Psiquiatra

Caros amigos e leitores, o resultado da enquete sobre consulta com psiquiatra obteve os seguintes resultados:
- 85% de pessoas que não se consultaram com o profissional da psiquiatria;
-15% de pessoas que tiveram consulta com psiquiatra.

Analisando os percentuais, desejo que o alto índice de indivíduos que não recorreram a esse tipo de tratamento seja devido a uma não-ocorrência de problemas nessa área da vida das pessoas e não a um preconceito referente à figura do profissional da Psiquiatria.

Precisamos quebrar as barreiras dos preconceitos e nos darmos a chance de termos um tratamento mais completo com o acompanhamento de uma equipe que contemple todos os aspectos da vida do sujeito. Além disso, o uso do medicamento é imprescindível em certos casos, sendo portanto, indispensável a presença de um psiquiatra.

Temos à nossa disposição profissionais competentes, estudiosos, que se mantém atualizados e que, além disso, fazem uso de uma Psiquiatria que alcançou a evolução da Ciência nesta área, não mais fazendo uso de um jeito arcaico de vislumbrar o ser humano. Hoje, temos psiquiatras que não mais percebem apenas o funcionamento fisiológico, biológico do paciente, ou seja, levam em consideração o aspecto psicológico, emocional, social. Isso é um passo muito importante na interação com o paciente, na forma de conduzir o tratamento, na manipulação dos medicamentos, na indicação de tratamento com profissionais de outras áreas, enfim, é um avanço.

Por isso, quem ainda não foi a um psiquiatra, mas percebe e sabe que precisa, tente quebrar seus paradigmas se é isso que o está fazendo evitar procurar um. Caso contrário, se a não-procura é realmente porque tudo se passa bem sem seu campo mental, então, fico feliz e desejo que continue tudo bem.

Um abraço e mais uma vez obrigada pela participação.
Thatianny Moreira

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Desmistificando o uso dos Medicamentos e alertando sobre a Automedicação:

Conforme abordado nos últimos parágrafos do artigo sobre Depressão e Tristeza , a medicação não se faz necessária em todos os casos e por esta razão, faz-se imprescindível uma avaliação médica para investigar de forma cuidadosa e detalhada qual a mais indicada ou mesmo se é possível dispensar esta terapêutica e fazer uso de outros recursos, como, por exemplo, mudança na dieta ou inclusão de uma atividade física na rotina da pessoa.

Há situações emergenciais nas quais se a medicação não for ministrada, a pessoa poderá ficar num estado ainda pior de saúde, inviabilizando todas as áreas de sua vida ou mesmo impossibilitando-a a realizar um tratamento complementar. Por exemplo, existem níveis de depressão em que não é possível se dar início a um processo de psicoterapia, pois a elaboração do pensamento, a organização das idéias está tão comprometida que se torna inviável o estabelecimento de um diálogo com o sujeito. Se o diálogo não é viável, imagine a percepção de pontos cruciais ao processo de conscientização que servirá de base para a tomada de atitudes.
Entendo, porém, o medo que algumas pessoas têm em fazer uso de alguns medicamentos. Além dos possíveis efeitos colaterais, existe o medo de desenvolver uma dependência ao ponto de ter que precisar de determinado remédio para o resto da vida. Mas o que é fundamental vocês saberem é que, quando o acompanhamento é realizado por um profissional competente, tanto o tipo de remédio quanto a dosagem e, além disso, o perfil do paciente serão levados em consideração. Existe um cuidado, por parte do médico, em evitar essa dependência e por isso mesmo, a tendência é que as doses diminuam gradativamente.

É verdade que, em alguns transtornos mentais, por exemplo, a medicação será ministrada por toda a vida da pessoa, mas, em contrapartida, ela terá uma estabilização do quadro, ou seja, haverá um controle dos sintomas e da intensificação destes, de modo que a doença não evolua.

Ademais, o remédio auxilia na reposição de substâncias químicas fundamentais ao funcionamento cerebral. Quando estas substâncias se encontram em um baixo nível, muitas de nossas funções podem ficar prejudicadas. O humor, por exemplo, é algo afetado quando há uma queda na quantidade de serotonina disponível no cérebro. As ligações sinápticas (comunicação entre os neurônios) são fundamentais para o “transporte” das mensagens entre mente e corpo.

Como em tudo na vida, há aqui o outro lado da moeda: da mesma forma que existem pessoas que temem e evitam ir ao médico para não terem que tomar remédio, existem as que se automedicam. Chegam, sem receio algum, ao balcão de uma farmácia e compram o que “acham” que resolverá o seus problemas.

Com o avanço tecnológico e o fácil acesso à informação, as pessoas fazem pesquisas pela internet. Com base Nas informações obtidas, definem o seu diagnóstico e qual o medicamento que solucionará a sua doença.

A automedicação gera graves problemas à saúde pública. Vários são os casos de intoxicação. Sem contar com a possibilidade de a automedicação resultar em morte. Há situações ainda na qual a pessoa já está fazendo uso de outro medicamento que somado a outro, comprado sem orientação médica, potencializa a ação de um deles, repercutindo em sérios transtornos. Portanto, se administrados incorretamente, não apresentam os resultados desejados e isso pode até mesmo prolongar o tratamento. O pior de tudo é que ainda gera a má interpretação, por parte da pessoa acometida pela doença, de que o medicamento não é bom.

Convém ainda lembrar que a interrupção do remédio também não deve ser efetivada sem que o médico seja consultado. Ele é a pessoa capacitada a analisar qual o momento ideal para a retirada do mesmo. Por isso, jamais faça isso por conta própria.
E para finalizar: Lembrem-se: Quando usados corretamente, os remédios são excelentes instrumentos terapêuticos no combate às doenças; portanto, não os encare como inimigos, mas sim, como mais uma ferramenta disponível na busca de uma vida saudável.

Um abraço a todos.
Thatianny Moreira- CRP11/1584


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Diferença entre Depressão e Tristeza

Há algumas semanas, realizamos uma enquete sobre depressão. Mas percebo, em minha prática profissional, que algumas pessoas ainda não sabem diferenciar um sentimento de tristeza de um quadro de depressão. Em virtude disto, decidi escrever sobre o tema e trazer elucidações aos meus leitores.

A tristeza é um sentimento inerente à vida de qualquer ser humano. É intrínseco à existência humana. Assim como a alegria, a raiva, o prazer, a mágoa, a irritação, a tristeza também é um sentimento que nos sinaliza como está o nosso estado emocional. Sem esses “sinais” não temos condições de fazer afirmações a respeito de como estamos nos sentindo. Eu diria que eles têm sua importância na mudança de nossos planos, de nossos projetos porque, de certa forma, dão-nos dicas de como está nosso nível de satisfação com a vida. Por isso mesmo, ela é considerada saudável pelos médicos.
A tristeza é algo passageiro. Ela nos ajuda na elaboração de perdas. Se algo de ruim acontece em sua vida e você não se sente afetado de maneira alguma, isso não é normal. Afinal de contas, ter sensibilidade é algo imprescindível para que suas condutas sejam redirecionadas, reprogramadas. Uma pessoa insensível é uma pessoa que, como próprio nome indica, não sente e o processo de dessensibilização pode acarretar sérios prejuízos ao indivíduo, já que ele fica “desprovido” de sinais fundamentais para a orientação de seu comportamento e relacionamento com o meio ambiente.

O tempo de duração da tristeza não deve ultrapassar dois meses, pois acima deste tempo, considerar-se-á depressão.
A depressão em contrapartida não é um estado de tristeza. Não é pura e simplesmente um desânimo. É uma doença que requer tratamento. É causada por fatores genéticos e ambientais. É manifestada por um conjunto de sintomas: apatia em alguns e euforia em outros, falta de interesse pelas coisas que normalmente geravam prazer, insônia ou excesso de sono, cansaço, falta de apetite, irritação, perda de concentração. Está enquadrada no CID- Código Internacional de Doenças- no grupo das Doenças Afetivas.

A depressão pode causar prejuízos em várias áreas da vida da pessoa diferentemente da tristeza. Como diria o doutor Dráusio Varela: “a depressão é uma tristeza que não acaba mais”. Uma pessoa triste sabe apontar o motivo de sua tristeza. Já o deprimido nem mesmo sabe o por quê de estar sentindo-se mal.
Temos três modalidades de depressão: a leve, a moderada e a profunda. É como se fosse uma evolução de intensificação do quadro depressivo, indo do menos perturbador ao mais perturbador.

Na depressão, o sujeito tem uma espécie de déficit de substâncias que são fundamentais na sensação de bem-estar e felicidade. São elas: dopamina, serotonina e outras. Por este motivo, o médico indicará medicamentos que auxiliarão na reposição destas substâncias no organismo, fazendo que com seu funcionamento se estabilize. Mas não são todos os casos que exigem o uso de remédios. Alguns são resolvidos apenas com psicoterapia e com a recomendação de atividade física que ajuda na produção destas mesmas substâncias.
Enfim, essas são as diferenças básicas entre tristeza e depressão. Então, você já sabe: se está triste, não há motivo para grandes preocupações. Mas se essa tristeza já dura há mais de dois meses, é hora de procurar o médico e o psicólogo para iniciar seu tratamento.

Um abraço e até mais!
Thatianny Moreira

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Limites: Por que estabelecê-los?

Conforme acordo que fiz com meus leitores, eis a segunda parte do nosso texto dedicado ao tema “Limites”.
Discorrerei para vocês as razões que justificam a necessidade do estabelecimento dos limites na vida de um ser humano.

Como já mencionado no primeiro texto, vivemos em uma sociedade que é regida por normas. Temos também a lei para pautar os comportamentos humanos. Em nossos relacionamentos, é necessário o respeito para que sejam firmadas relações saudáveis e harmoniosas. Em todas as áreas profissionais, temos códigos de ética, moldando as condutas a fim de que haja qualidade nos serviços oferecidos e consideração pelo outro. E para que a pessoa alcance a vida adulta seguindo o mínimo de padrões exigidos para um convívio em harmonia, a família faz um papel primordial no ensinamento dessas normas.
A função de educadores tanto dos pais como dos professores, figuras mais importantes no início da vida de uma criança, é, portanto, fundamental para a construção de um verdadeiro cidadão.

Um dos motivos de termos problemas como a psicopatia e a sociopatia é o fato de não serem definidos limites no trato com os outros. O psicopata e o sociopata são indivíduos que não aceitam se “enquadrar” nos ditames da lei. Eles são avessos a todo e qualquer tipo de regras. Eles fazem suas próprias regras e por isso, vivem à margem da sociedade. Viver à margem não é apenas ser discriminado, posto de lado, rejeitado pelo meio social. Viver à margem é não ser condizente com o que é ditado pelas instituições que a regem. Por isso, temos nossas penitenciárias lotadas. Por isso, temos casos e mais casos de comportamentos anti-sociais.
Devemos então, colocar limites dentro de nossas casas, dentro de nossas escolas. Isso pode ser feito da seguinte maneira e pelas seguintes razões:

- Repreenda seu filho no instante em que ele cometer algo que vai contra as regras, explicando quais são as regras e qual a finalidade delas existirem;
- Mostre para seu filho o que é viver em comunidade;

- Eduque o seu filho mesmo que ele fique por alguns minutos ou horas frustrado, pois a vida é feita também de frustrações. Nem tudo funciona exatamente do jeito que a gente quer e planeja. Nossas necessidades nem sempre serão saciadas de imediato. Muitas vezes, precisaremos de paciência para esperar que elas sejam satisfeitas;

- É dando limites que você demonstra segurança em suas ações, em suas decisões. Sinalize confiança em si mesmo, revelando que está seguro no que diz;

- O estabelecimento de limites faz com que a criança se sinta protegida, amada, pois, no momento que você define o “até onde ela pode ir”, ela se conscientiza de que há alguém olhando para ela, observando os passos dela, orientando, cuidando;
- Os limites também ajudam no processo de formação da identidade do sujeito;

- É tendo regras que você percebe que os outros, assim como você, também tem necessidades, vontades e elas também devem ser respeitadas.
Pelo acima exposto, fundamentamos a importância dos limites em nossas vidas. Eles nos auxiliam inclusive na resolução de conflitos. Um juiz quando preside uma audiência impõe sua autoridade para que a ordem seja mantida. Um líder para conduzir uma equipe define regras que nortearão o caminho que esta deve seguir para chegar aos objetivos desejados. Um nutricionista limita que tipos de alimentos você deve ter na sua dieta para que seja obtida uma vida saudável. Um educador físico controla o número de séries que você deve realizar em um exercício para que não haja excessos que possam prejudicar seu corpo. Enfim, cada um na sua área, estabelece os limites necessários para que bons resultados sejam alcançados. Dessa maneira, também conseguimos relacionamentos saudáveis e comportamentos sociáveis.

Espero que faça bom proveito do conhecimento adquirido nesse nosso encontro!
Um abraço
Thatianny Moreira

terça-feira, 5 de junho de 2012

Resultado Enquete sobre Depressão

De acordo com os resultados apresentados, obtivemos 75% de votos relacionados a pessoas que nunca tiveram depressão. Os outros 25%, tiveram a doença, mas não procuraram tratamento.

Observa-se que é preocupante o fato de termos um percentual de pessoas que, mesmo apresentando a doença, não buscou ajuda. Isso é algo que merece a atenção dos profissionais da área da saúde, já que, quando não acompanhado, o quadro depressivo pode evoluir para estágios mais avançados e de mais difícil recuperação.

Além disso, apesar de obtermos um público de 75% de pessoas que nunca apresentaram o transtorno, levanto aqui a seguinte reflexão: Será que as pessoas sabem realmente quais os sintomas que caracterizam o quadro da depressão? Em virtude desta dúvida, prontificarei-me a em breve redigir um texto informativo sobre o tema.

Mais uma vez, agradeço àqueles que participaram com seu voto e faço o convite para as próximas enquetes.
Um abraço
Thatianny Moreira

terça-feira, 29 de maio de 2012

Limites: Como estabelecê-los

Inicialmente, nesse primeiro texto sobre limites, abordarei a forma como os pais devem estabelecê-los. Em um segundo momento, discorrerei para vocês a respeito dos motivos que os justificam.
Para uma melhor compreensão do contexto atual, façamos uma breve retrospectiva histórica de como o público infantil era tratado. Isto nos dará mais condições para entendermos a questão dos limites na relação pais e filhos.

Nas gerações antigas, no período da Idade Média, para sermos mais específicos, as crianças eram como uma espécie de adulto em miniatura. Adultos não crescidos, em se tratando de estatura, digamos assim. Em decorrência disso, às crianças não era proporcionado nenhum tipo de cuidado especial; como, por exemplo, no que se refere à alimentação. Os pequenos podiam até mesmo presenciar uma conversa entre adultos, já que eram percebidos como “adultos em tamanho reduzido”.
Nas escolas, não havia separação de turmas por faixa etária. A sala era composta por crianças das mais variadas idades. Não existia essa divisão em etapas: maternal, jardim, alfabetização.

Simultaneamente a essa visão no contexto educacional, também tínhamos uma não diferenciação na área da saúde. Exatamente por esta razão, o índice de mortalidade infantil era alto. Falar em saúde infantil é assunto dos tempos modernos.
No aspecto social e na dinâmica familiar, inexistia o envolvimento afetivo entre pais e filhos. Demonstrações de carinho não eram incentivadas como hoje são pela Psicologia, Pediatria e Pedagogia. A ideia de desenvolvimento infantil nem se cogitava. As tais etapas do desenvolvimento humano, estudadas por Piaget (importante teórico da psicologia do desenvolvimento humano), eram temas que só surgiriam mais adiante.

As meninas, em virtude desta ausência de compreensão do desenvolvimento humano, logo eram treinadas para os afazeres domésticos e seguiam o que era destinado ao sexo feminino daquela época, enquanto que aos meninos era ensinado algum ofício para o mais rapidamente possível darem sequência aos negócios dos seus pais.

Mas, como tudo evolui, as coisas foram mudando e surgiu a Ciência que estudaria o comportamento e a mente humana: a Psicologia. Ao lado da Psicologia, também tivemos como uma grande contribuinte para a compreensão do desenvolvimento do ser humano a Pedagogia. E assim, foram aparecendo os conceitos de frustração, trauma, autoridade, limites, disciplina, etc.
Todos esses acontecimentos influenciaram na mudança de atitude dos pais e, consequentemente, na modificação da estrutura da família e da dinâmica no relacionamento pais e filhos. Isto se nos referirmos a uma porção menor da imensa estrutura que é o mundo, pois, é claro, que tivemos repercussões também na maneira como passou a ser pensada a Educação nas escolas, a Saúde nos hospitais, etc.

O fato é que os pais precisaram aderir a essa nova maneira de pensar e agir. Como toda mudança, inicialmente, gera conflitos, aqui também não foi diferente. E assim, os pais tiveram que adotar novos procedimentos, mudar a forma de se comunicar e se relacionar, dentre outras mudanças. O problema é que para assimilarmos tudo isso, precisamos de tempo. Tempo para que os devidos ajustes possam ser realizados e tempo para se adaptar a esse novo cenário. Era natural que a mente dos pais sofresse certo conflito: Dou palmada ou não dou? Isso traumatiza ou não? Devo ser mais rígido ou mais liberal? Dentre outros vários questionamentos.
Em meio a esse turbilhão de perguntas, o que é inegável é que que todo ser humano precisa de limites para viver em sociedade. E como os pais devem estabelece-los? Aqui, enumero algumas dicas:

1-      Não transforme o “dizer sim” em hábito: se o outro se habitua a ouvir “sim”, terá dificuldades para quando tiver que ouvir um “não”;

2-      Não demonstre dúvida/insegurança quando se posicionar diante de seu filho. Mantenha seu argumento inicial, pois se ele perceber que você não está seguro, ele vai testar você. Tânia Zagury, autora do livro “Sem padecer no paraíso”, comenta: “sentir limites é para a criança uma questão de segurança- uma necessidade básica”;

3-      Troquem idéias com pais mais experientes;

4-      Tenha sintonia entre você seu parceiro(a) no que se refere à forma de pensar sobre "como educar", ou seja, procurem ter pensamentos harmônicos e não divergentes;

5-      Dialoguem sempre com seus filhos, pois os ensinamentos são construídos. Os ensinamentos não nascem da noite para o dia;

6-      Não encarem os conflitos surgidos na dinâmica familiar sob um ângulo negativo. Vejam a outra face dos conflitos: eles são uma oportunidade de repensar valores, de reconsiderar idéias;

7-      Assuma a responsabilidade de “dar ordens”, pois ser pai não é ficar somente com a parte prazerosa do processo educacional. Você tem que definir horários para dormir, para comer, para estudar, etc.
Bom, ficaremos por aqui. Mais adiante, abordarei com vocês as razões para que os limites sejam estabelecidos.
Um abraço
Thatianny Moreira