domingo, 6 de setembro de 2015

Sequelas Psicológicas do Trabalho Infantil

Resultado de imagem para imagens de trabalho infantil em desenhoO trabalho infantil é defeso por lei. Em nossa Constituição existem artigos que versam explicitamente sobre a proibição deste tipo de prática. Para quem tiver interesse de ampliar o conhecimento sobre o tema, recomendo a leitura do artigo 7º, inciso XXXIII da Carta Magna. No texto constitucional também é possível observar claramente no artigo 6º, a menção aos direitos sociais, dentre eles, o de proteger a infância. Podemos indicar ainda o Decreto 6.481 que trata da proibição das piores formas de trabalho infantil e a ação imediata para que este seja banido.

Submeter crianças a trabalho é algo que traz prejuízos não somente físicos, mas também psicológicos. Este é o foco do nosso artigo: a repercussão, na esfera psicológica, da exposição de uma criança ao trabalho.

Para que o desenvolvimento de uma criança ocorra de forma plena, é necessário que ela vivencie todas as etapas que o constituem. Vivenciar o lúdico, por exemplo, no contato com outras crianças da mesma faixa etária é algo fundamental para sua socialização. Na interação com iguais, ela aprenderá regras de como viver em sociedade, experimentará trabalhar em equipe, desenvolverá capacidade para lidar com diferentes tipos de personalidade, aprimorará sua capacidade de coordenação motora, enfim, poderá adquirir habilidades fundamentais para a vida adulta.

Quando retiramos um ser pequenino do seu lar para desempenhar um labor, estamos privando-o de viver experiências cruciais para um desenvolvimento saudável. O convívio com a família fica comprometido. A relação com os pais fica distanciada e a criança perde a oportunidade de receber carinho, atenção e ensinamentos importantes para sua vida. Ademais, tarefas atribuídas a este ser em desenvolvimento podem ter um grau de complexidade incompatível com a capacidade disponível naquele momento, podendo gerar na criança a sensação de que é incapaz, que não possui Inteligência, etc.

Com o passar do tempo, a criança pode ter um comprometimento da sua autoestima, pois, à medida que ela executa atividades e não obtém sucesso, estas vivências estão sendo registradas de um modo negativo, levando-a a acreditar que não ela não tem potencial para nada. Instala-se um complexo de inferioridade que a impedirá de sentir-se competitiva para enfrentar desafios no futuro.

Todos nós aprendemos, ao longo da vida, a ter responsabilidades. Vale ressaltar, no entanto, que tais responsabilidades vão sendo adquiridas de modo gradativo e de acordo com a bagagem que vai sendo acumulada. Certas responsabilidades são típicas da vida adulta porque só um adulto terá condições físicas e mentais de cumpri-las a contento. Se isto não fizesse sentido, não teríamos, nas instituições educacionais, uma divisão das séries escolares por faixa de idade. O conteúdo programático visto no ensino médio seria aplicado sem problemas no ensino fundamental. E isto ocorre porque o desenvolvimento do cérebro humano passa por estágios. Certas operações mentais, por exemplo, só conseguimos processar depois de uma determinada idade. Então, como exigir de uma criança algo que o cérebro dela terá capacidade de processar apenas mais adiante?

Portanto, além de descumprir a lei, quem sujeita uma criança ao trabalho está sendo desumano, visto que não está respeitando condições inerentes ao desenvolvimento da própria espécie. Está ainda sendo irresponsável, pois expõe um ser inocente a situações que podem representar perigo à própria vida: ao realizar atividades domésticas por exemplo a criança pode ingerir produtos químicos acidentalmente ou mesmo sofrer risco de queimaduras, caso manipule eletrodomésticos que produzam fogo.

A exploração do trabalho infantil não se limita à realização de tarefas domésticas. Ela é muito mais ultrajante e absurdo, já que se registra o uso de crianças até mesmo na prostituição, na agropecuária e em outros ambientes insalubres e perigosos. Dependendo do tipo de atividade exercida, ela pode desenvolver câncer de pele e deformações ósseas.

Da criança que trabalha é extraída a possibilidade de adquirir conhecimento, já que geralmente, não lhe resta tempo para frequentar a escola. E mesmo quando conseguem ir à escola, o rendimento fica prejudicado. A fadiga não permite que ela se concentre o suficiente para assimilar o que é transmitido e logo vem o baixo rendimento seguido da evasão escolar.

A criança submetida ao trabalho infantil pode manifestar sentimento de revolta, já que não tem suas necessidades básicas atendidas. Ela pode interpretar que não merece atenção, carinho e amor. Esta sensação pode se intensificar ao ponto dela começar a apresentar problemas de comportamento: ser violenta, vingativa, agressiva como uma maneira de expressar sua indignação com a situação ou mesmo chamar atenção para sua dor.

Cuidemos então de nossas crianças proporcionando-as tudo que é essencial. Desta maneira, no futuro, nossos olhos não irão se deparar com cenas lastimáveis como as que temos visto.

Até nosso próximo artigo!
Thatianny Bezerra Moreira da Silva




quarta-feira, 13 de maio de 2015

Psicopata e Sociopata são sinônimos?

Resultado de imagem para imagens de psicopatia e sociopatiaEm primeiro lugar, necessário se faz registrar que tanto a psicopatia quanto a sociopatia são desordens de personalidade antissociais, ou seja, os indivíduos enquadrados em tal diagnóstico manifestam comportamentos percebidos pelo meio como contrários ao convívio em sociedade, proibidos por lei.

Quanto à atribuição do fator causador de ambos os transtornos, há divergências. Alguns afirmam que a psicopatia tem origem genética apenas, enquanto que a sociopatia seria influenciada tanto por uma predisposição genética quanto pelo meio ambiente. O dissenso fica evidente quando temos opiniões de pesquisadores que consideram que a conduta de um psicopata sofre interferência não somente de fatores fisiológicos quanto de sócio-psicológicos, levando-nos a concluir que, traumas ocorridos na infância, por exemplo, poderiam desencadear no futuro uma conduta antissocial. Ademais, a maneira como o sujeito se comporta poderia ter sido adquirida por meio de processo de aprendizagem.

Inegável é que, ao realizarmos uma análise da história de vida do indivíduo diagnosticado como psicopata, percebemos que, quando criança, ele não era capaz de se identificar com o genitor do mesmo sexo e nem mesmo assimilar os valores/normas relacionados às questões morais transmitidos por este genitor. É como se, ao longo do seu desenvolvimento ele não considerasse o seu pai/mãe como referencial de modelo a ser seguido, sendo indiferente aos ensinamentos passados no processo educativo.

O psicopata não dispõe de discernimento sobre os conceitos de bem e mal. A ausência de medo, de dor física, de arrependimento são típicas desta anomalia. Não tem receio algum de serem reprovados socialmente, não têm empatia pelos outros e por isso, tratam os outros como objetos por intermédio dos quais pode alcançar os seus interesses. Outras características que os definem são: manipuladores, mentirosos, egocêntricos, impulsivos, irresponsáveis, agressivos., envolventes, sedutores.

A falta de controle comportamental é algo que se configura como elemento desfavorável ao psicopata, no sentido de que ele se torna vulnerável a descobrirem sua verdadeira identidade. Em virtude deste descontrole, ele se perde em seus atos, deixando pistas que facilitam a sua incriminação. Isto o difere do sociopata que, costuma planejar o seu comportamento, revelando uma tendência a calcular seus atos e assim, evitar possíveis formas de ser identificado. Os crimes do sociopata são premeditados.

Exemplo recente de uma personalidade psicopática foi a interpretada pelo ator Bruno Gagliasso no seriado Dupla Identidade. Um dos comportamentos típicos era a impulsividade que conduzia o personagem a agir simplesmente para a satisfação dos seus instintos, deixando vestígios dos seus atos moral e socialmente condenados.

Sob o ponto de vista de alguns especialistas, o sociopata apresenta um temperamento considerado “normal” quando comparado ao do psicopata, conseguindo enganar com mais facilidade suas vítimas.
É possível identificar uma futura personalidade psicopática? Segundo a Psiquiatria forense existem três comportamentos que servem de alerta: quando a pessoa mostra uma crueldade para com animais, quando apresenta incontinência urinária após os quatro/cinco anos de idade, quando provoca atos de piromania (desejo incontrolável de provocar incêndios, chegando a praticá-los repetidas vezes).

O renomado estudioso do assunto, Robert Hare, desenvolveu um teste que ajuda a diagnosticar uma pessoa com psicopatia. Neste teste, são avaliados os recursos afetivos, interpessoais e comportamentais dos quais a pessoa dispõe em seu repertório, digamos assim. São atribuídos pontos a estes recursos e o  somatório determinará o grau de psicopatia.

Em resumo, enquanto alguém “nasce” psicopata, outro “aprende” a ser sociopata.  Esta afirmativa está embasada no fundamento de que a psicopatia está atrelada a fatores genéticos e a sociopatia a um baixo nível socioeconômico e à presença de pais violentos (aspecto ambiental).

Até nosso próximo texto!
Thatianny B.M. da Silva