
Infelizmente, sabemos que é inerente ao ser
humano a finitude. Nós nascemos, crescemos, desenvolvemos e morremos. É por
isso que dizemos que a única certeza que temos é a morte.
Apesar de ser algo certo, o ser
humano vivencia tal momento com muita dor, angústia, medo e inconformismo. Não
aceitamos com facilidade a perda de um ente querido, de alguém especial e muito
significativo em nossas vidas. E isso é mais do que compreensível. Mesmo as pessoas que têm uma vida espiritual
desenvolvida têm dificuldade de assimilar tal informação. Mas, sem dúvida,
conseguem transpo, o momento advindo com a partida de um ente querido, com menos
transtornos que aqueles que não têm crença alguma.
A morte nos abala também porque
causa toda uma desestruturação numa dinâmica que já estava organizada e em
funcionamento. Com a partida de alguém, principalmente dependendo da função
desempenhada por esta pessoa na família (às vezes, a pessoa que partiu era a voz ativa ou mesmo o provedor do lar), a desorganização gerada torna-se ainda
maior. A pessoa se vê perdida, sem rumo, impotente. O estado de choque paralisa
aquele que ficou de tal forma que não consegue agir.
Alguns autores já escreveram
sobre os estágios vivenciados por uma pessoa que passou pela situação
traumática de perder alguém. Os estágios são os seguintes: primeiramente, há
uma negação do acontecido. A dor é de uma dimensão tão gigantesca que preferimos
negar que o fato ocorreu. É um mecanismo de defesa acionado por nossa psique. Em
seguida, vem a etapa da Raiva, da Ira. O ser se revolta com a perda. Fica
irritado, não aceita, tem comportamentos agressivos, briga com Deus e com todos.
Num terceiro momento, vem a Barganha. Tentamos negociar com Deus um retorno do
ente que morreu. Fazemos promessas, juramentos. A todo custo, procuramos reaver
o que foi perdido. O estágio seguinte é o da Depressão. Depois de tanto
empenho, tanto desgaste físico e mental, é como se a pessoa já não mais
dispondo de forças, de energias, desfalece. Entrega-se, então, à depressão. Após
esse estágio, temos o da Aceitação onde a pessoa, finalmente, conseguiu “assimilar”
a morte do outro. Percebendo que já não é possível barganhar, já não mais
adianta chorar, ficar deprimido, é hora de seguir adiante e reorganizar a vida.
Passada a tempestade maior, esse
é então o momento de lidar com a nova composição familiar, com a nova dinâmica
da vida. Amigos, parentes são de fundamental importância nesse instante. A
solidariedade dos outros é essencial para que a pessoa possa se reerguer,
reconstruir-se. É a hora de buscarmos os recursos que temos disponíveis para
recomeçar. A lembrança do ente querido vai ficar guardada na memória e no
coração de quem ficou. Mas quem ficou precisa continuar valorizando a sua
existência. É necessário prosseguir cuidando de si mesmo e de quem ficou que, algumas
vezes, ainda é alguém que depende de atenção, carinho e cuidados básicos para
sobreviver (quando morre um pai ou mãe que deixaram filhos pequenos).
Em decorrência de todos os motivos, acima elucidados, recomenda-se um
acompanhamento psicológico para aqueles que ficaram. A psicoterapia vai
auxiliar nesta nova caminhada e, aos poucos, com o devido suporte e a atenção
genuína de um profissional da Psicologia, vamos chegando à conclusão de que a
vida é assim: um verdadeiro recomeçar, um ciclo que não para.
A todos, um caloroso abraço.
Thatianny Moreira
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