Percebo que a rotina da vida
destas pessoas a partir daí ficará limitada, dominada pelo sentimento de medo.
Algumas não saem de casa porque temem que algo de terrível aconteça. Outras não
conseguem ficar sozinhas e precisam da companhia constante de alguém. O pânico
invade os corações daqueles que temem. A insegurança habita o corpo e a alma
sem pedir licença. A dor no peito faz o sujeito acreditar que terá um infarto.
Tornam-se frequentes as idas ao hospital, a marcação de consultas, a realização
de exames. Mas problema algum de ordem física é encontrado e a família começa a
desacreditar no que é dito por quem é acometido deste problema.
Formar-se-á um ciclo vicioso que
dará sustentação para a manutenção do quadro. A pessoa fará associações entre
os locais onde a crise se manifestou e os sintomas e assim, uma espécie de
comportamento defensivo vai se instalar. Serão evitados todos os locais que
tenham ligação com o surgimento da crise e, aos poucos, o isolamento será outra
característica típica do paciente acometido pela síndrome do pânico.
O medo do amanhã, de enlouquecer,
de morrer, de que algo ruim aconteça a um familiar, de engasgar com um alimento
seja qual for, de tomar banho, de dormir e não acordar, de ficar preso no
elevador vai preenchendo a mente do sujeito de tal forma que ele já nem mais
consegue lembrar como tudo isto começou.
Lembro-me de uma paciente que evitava
comer porque, segundo sua “lógica”, o alimento poderia causar um sufocamento
que a levaria ao óbito. “Mas isto não faz sentido”- diria você leitor. “Exatamente”-
eu comentaria. O medo é irracional. A única racionalidade realmente presente no
comportamento da paciente em questão era a de que logo, logo, ela morreria não
de medo, mas de inanição.
A Síndrome do Pânico geralmente
ocorre em virtude de situações de elevado nível de estresse. Os fatores
genéticos também são componentes importantes para o seu surgimento. Diminuir o
grau de ansiedade e entrar em contato com a realidade são medidas necessárias
durante o tratamento que, na maioria dos casos, precisa da intervenção
medicamentosa.
Em um ataque de pânico, o sistema
de alerta do sujeito está desregulado. O alarme dispara sem que haja uma real
necessidade do corpo se proteger, defender-se, lutar contra algo perigoso. Por
isto, que, há algumas linhas, referi-me a uma incompatibilidade com a
realidade, uma incoerência com o que a situação real oferece. Nesses momentos,
fundamental se faz um trabalho com a respiração, desacelerando-a até a pessoa
se acalmar.
É importante lembrar que,
associado ao pânico, podemos ter um quadro de depressão e de transtorno obsessivo-compulsivo.
A depressão aparece porque a auto-estima da pessoa acaba por ser atingida,
sentindo-se impotente diante da incapacidade para controlar as crises e o TOC
em decorrência da presença constante dos maus pensamentos que determinam como
devem ser seus comportamentos (ex: não vou sair na rua porque posso sofrer um
acidente e morrer ).
Imprescindível se faz a
psicoterapia para ajudar o paciente no gerenciamento da ansiedade, na
interpretação das suas reações corporais (para aprender a diferenciar uma
reação normal de um início de crise), no resgate da confiança em seu próprio
corpo, no controle de sua respiração, no processo de percepção e diferenciação
entre perigo real e perigo imaginário, dentre outros procedimentos que fazem
parte do processo.
Um abraço
Thatianny Moreira
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