segunda-feira, 15 de abril de 2013

Você tem medo do que?



Hodiernamente, tem se tornado cada vez mais comum ouvir, nos consultórios de Psicologia, frases tais como: “Meu coração dispara o tempo todo”; “Tenho medo de morrer”, “Meu corpo treme da cabeça aos pés”, “Sinto uma falta de ar horrível!”. “Tenho a sensação de que vou infartar de tão forte que é a dor no meu peito”. O medo e a ansiedade são os motivos centrais para a eclosão destes sintomas.

Percebo que a rotina da vida destas pessoas a partir daí ficará limitada, dominada pelo sentimento de medo. Algumas não saem de casa porque temem que algo de terrível aconteça. Outras não conseguem ficar sozinhas e precisam da companhia constante de alguém. O pânico invade os corações daqueles que temem. A insegurança habita o corpo e a alma sem pedir licença. A dor no peito faz o sujeito acreditar que terá um infarto. Tornam-se frequentes as idas ao hospital, a marcação de consultas, a realização de exames. Mas problema algum de ordem física é encontrado e a família começa a desacreditar no que é dito por quem é acometido deste problema.

Formar-se-á um ciclo vicioso que dará sustentação para a manutenção do quadro. A pessoa fará associações entre os locais onde a crise se manifestou e os sintomas e assim, uma espécie de comportamento defensivo vai se instalar. Serão evitados todos os locais que tenham ligação com o surgimento da crise e, aos poucos, o isolamento será outra característica típica do paciente acometido pela síndrome do pânico.

O medo do amanhã, de enlouquecer, de morrer, de que algo ruim aconteça a um familiar, de engasgar com um alimento seja qual for, de tomar banho, de dormir e não acordar, de ficar preso no elevador vai preenchendo a mente do sujeito de tal forma que ele já nem mais consegue lembrar como tudo isto começou.

Lembro-me de uma paciente que evitava comer porque, segundo sua “lógica”, o alimento poderia causar um sufocamento que a levaria ao óbito. “Mas isto não faz sentido”- diria você leitor. “Exatamente”- eu comentaria. O medo é irracional. A única racionalidade realmente presente no comportamento da paciente em questão era a de que logo, logo, ela morreria não de medo, mas de inanição.

A Síndrome do Pânico geralmente ocorre em virtude de situações de elevado nível de estresse. Os fatores genéticos também são componentes importantes para o seu surgimento. Diminuir o grau de ansiedade e entrar em contato com a realidade são medidas necessárias durante o tratamento que, na maioria dos casos, precisa da intervenção medicamentosa.

Em um ataque de pânico, o sistema de alerta do sujeito está desregulado. O alarme dispara sem que haja uma real necessidade do corpo se proteger, defender-se, lutar contra algo perigoso. Por isto, que, há algumas linhas, referi-me a uma incompatibilidade com a realidade, uma incoerência com o que a situação real oferece. Nesses momentos, fundamental se faz um trabalho com a respiração, desacelerando-a até a pessoa se acalmar.

É importante lembrar que, associado ao pânico, podemos ter um quadro de depressão e de transtorno obsessivo-compulsivo. A depressão aparece porque a auto-estima da pessoa acaba por ser atingida, sentindo-se impotente diante da incapacidade para controlar as crises e o TOC em decorrência da presença constante dos maus pensamentos que determinam como devem ser seus comportamentos (ex: não vou sair na rua porque posso sofrer um acidente e morrer ).

Imprescindível se faz a psicoterapia para ajudar o paciente no gerenciamento da ansiedade, na interpretação das suas reações corporais (para aprender a diferenciar uma reação normal de um início de crise), no resgate da confiança em seu próprio corpo, no controle de sua respiração, no processo de percepção e diferenciação entre perigo real e perigo imaginário, dentre outros procedimentos que fazem parte do processo.

Um abraço
Thatianny Moreira

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