terça-feira, 29 de maio de 2012

Limites: Como estabelecê-los

Inicialmente, nesse primeiro texto sobre limites, abordarei a forma como os pais devem estabelecê-los. Em um segundo momento, discorrerei para vocês a respeito dos motivos que os justificam.
Para uma melhor compreensão do contexto atual, façamos uma breve retrospectiva histórica de como o público infantil era tratado. Isto nos dará mais condições para entendermos a questão dos limites na relação pais e filhos.

Nas gerações antigas, no período da Idade Média, para sermos mais específicos, as crianças eram como uma espécie de adulto em miniatura. Adultos não crescidos, em se tratando de estatura, digamos assim. Em decorrência disso, às crianças não era proporcionado nenhum tipo de cuidado especial; como, por exemplo, no que se refere à alimentação. Os pequenos podiam até mesmo presenciar uma conversa entre adultos, já que eram percebidos como “adultos em tamanho reduzido”.
Nas escolas, não havia separação de turmas por faixa etária. A sala era composta por crianças das mais variadas idades. Não existia essa divisão em etapas: maternal, jardim, alfabetização.

Simultaneamente a essa visão no contexto educacional, também tínhamos uma não diferenciação na área da saúde. Exatamente por esta razão, o índice de mortalidade infantil era alto. Falar em saúde infantil é assunto dos tempos modernos.
No aspecto social e na dinâmica familiar, inexistia o envolvimento afetivo entre pais e filhos. Demonstrações de carinho não eram incentivadas como hoje são pela Psicologia, Pediatria e Pedagogia. A ideia de desenvolvimento infantil nem se cogitava. As tais etapas do desenvolvimento humano, estudadas por Piaget (importante teórico da psicologia do desenvolvimento humano), eram temas que só surgiriam mais adiante.

As meninas, em virtude desta ausência de compreensão do desenvolvimento humano, logo eram treinadas para os afazeres domésticos e seguiam o que era destinado ao sexo feminino daquela época, enquanto que aos meninos era ensinado algum ofício para o mais rapidamente possível darem sequência aos negócios dos seus pais.

Mas, como tudo evolui, as coisas foram mudando e surgiu a Ciência que estudaria o comportamento e a mente humana: a Psicologia. Ao lado da Psicologia, também tivemos como uma grande contribuinte para a compreensão do desenvolvimento do ser humano a Pedagogia. E assim, foram aparecendo os conceitos de frustração, trauma, autoridade, limites, disciplina, etc.
Todos esses acontecimentos influenciaram na mudança de atitude dos pais e, consequentemente, na modificação da estrutura da família e da dinâmica no relacionamento pais e filhos. Isto se nos referirmos a uma porção menor da imensa estrutura que é o mundo, pois, é claro, que tivemos repercussões também na maneira como passou a ser pensada a Educação nas escolas, a Saúde nos hospitais, etc.

O fato é que os pais precisaram aderir a essa nova maneira de pensar e agir. Como toda mudança, inicialmente, gera conflitos, aqui também não foi diferente. E assim, os pais tiveram que adotar novos procedimentos, mudar a forma de se comunicar e se relacionar, dentre outras mudanças. O problema é que para assimilarmos tudo isso, precisamos de tempo. Tempo para que os devidos ajustes possam ser realizados e tempo para se adaptar a esse novo cenário. Era natural que a mente dos pais sofresse certo conflito: Dou palmada ou não dou? Isso traumatiza ou não? Devo ser mais rígido ou mais liberal? Dentre outros vários questionamentos.
Em meio a esse turbilhão de perguntas, o que é inegável é que que todo ser humano precisa de limites para viver em sociedade. E como os pais devem estabelece-los? Aqui, enumero algumas dicas:

1-      Não transforme o “dizer sim” em hábito: se o outro se habitua a ouvir “sim”, terá dificuldades para quando tiver que ouvir um “não”;

2-      Não demonstre dúvida/insegurança quando se posicionar diante de seu filho. Mantenha seu argumento inicial, pois se ele perceber que você não está seguro, ele vai testar você. Tânia Zagury, autora do livro “Sem padecer no paraíso”, comenta: “sentir limites é para a criança uma questão de segurança- uma necessidade básica”;

3-      Troquem idéias com pais mais experientes;

4-      Tenha sintonia entre você seu parceiro(a) no que se refere à forma de pensar sobre "como educar", ou seja, procurem ter pensamentos harmônicos e não divergentes;

5-      Dialoguem sempre com seus filhos, pois os ensinamentos são construídos. Os ensinamentos não nascem da noite para o dia;

6-      Não encarem os conflitos surgidos na dinâmica familiar sob um ângulo negativo. Vejam a outra face dos conflitos: eles são uma oportunidade de repensar valores, de reconsiderar idéias;

7-      Assuma a responsabilidade de “dar ordens”, pois ser pai não é ficar somente com a parte prazerosa do processo educacional. Você tem que definir horários para dormir, para comer, para estudar, etc.
Bom, ficaremos por aqui. Mais adiante, abordarei com vocês as razões para que os limites sejam estabelecidos.
Um abraço
Thatianny Moreira

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