quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Indústria da Beleza

Desde criança, vamos construindo a concepção do que é beleza a partir da educação que recebemos em nossa família, em nossa escola, em nossos meios sociais de um modo geral. Por intermédio de registros advindos do ambiente externo, vai sendo formulada uma espécie de “programação interna” que nos orientará em nossos futuros contatos com os outros e com o meio.
Sutilmente, o conceito de beleza adentra em nossas vidas através de incentivos como: “Que bebê lindo!”, “Olha só a coisa linda da mamãe!”. Esses incentivos estão presentes não somente em nosso contexto familiar, escolar. Eles são intensificados pela mídia mediante cartazes, propagandas na televisão, revistas de moda, etc. E dessa forma, as ideias vão sendo introjetadas em nossas mentes.

O problema é que a maior parte desses conceitos, como são formulados pelos outros, acabam sendo verdadeiros “corpos estranhos” dentro de nós. Essas ideias não foram elaboradas pelo próprio sujeito, mas sim colocadas dentro da gente muitas vezes sem nem pedir permissão para entrar, sem nem podermos fazer questionamentos. Nosso senso crítico não é desenvolvido e assim, sofremos mais adiante.

Temos então, duas alternativas: ou nos submetemos à pressão do mundo e aceitamos o conceito imposto, vivendo numa busca constante e infinita pela beleza, ou elaboramos a nossa própria concepção e temos a real possibilidade de termos uma auto-estima positiva. Com a segunda opção, não daremos ênfase à indústria do “Ter” que nos faz correr o risco de sermos consumidores compulsivos, enveredarmos pelo caminho das cirurgias plásticas desnecessárias e cairmos no narcisismo.

A indústria do “Ter” nos conduz ao esquecimento do “Ser” que poderá nos levar ao que denomino de Síndrome do Vazio. Essa síndrome nos dá a falsa sensação de plenitude à medida que tentamos preencher um vazio com objetos colocados nas prateleiras e vitrines das lojas. Digo “falsa sensação” porque se engana imaginando que está resolvendo a sua angústia existencial quando, na verdade, está cada vez mais a reforçando.

Os consultórios de psicologia estão cheios de pessoas que apresentam problemas como transtornos alimentares (bulimia nervosa, anoxeria nervosa) em decorrência dessa pressão ao qual o sujeito é submetido ao exigir dele um padrão corporal ideal. O culto ao corpo faz a pessoa querer manter-se sempre jovem e nega uma consequência natural da vida: o envelhecer.

Não estamos afirmando aqui que a busca por uma melhor qualidade de vida e consequentemente uma velhice mais saudável não deva ser almejada. O que defendemos é a autonomia, a capacidade para fazer escolhas e tomar decisões, o senso crítico para optar por aquilo que consideramos ser o melhor para nós, levando em conta nossos valores, princípios.

Ademais, não devemos esquecer que o Brasil é o maior consumidor mundial de anorexígenos (remédios usados para “tirar a fome”, “cortar o apetite”) e está em segundo lugar do mundo em cirurgias plásticas. Será que isso pode ser interpretado como um bom sinal? Reflita.
Para aprofundar a leitura recomendo: Artigo “Beleza e Auto-Estima” de Marco Antônio de Tommaso. (http://www.tommaso.psc.br/site/artigos/?id_artigo=68).

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