Há algumas semanas,
realizamos uma enquete sobre depressão. Mas percebo, em minha prática
profissional, que algumas pessoas ainda não sabem diferenciar um sentimento de
tristeza de um quadro de depressão. Em virtude disto, decidi escrever sobre o
tema e trazer elucidações aos meus leitores.
A tristeza é um sentimento
inerente à vida de qualquer ser humano. É intrínseco à existência humana. Assim
como a alegria, a raiva, o prazer, a mágoa, a irritação, a tristeza também é um
sentimento que nos sinaliza como está o nosso estado emocional. Sem esses
“sinais” não temos condições de fazer afirmações a respeito de como estamos nos
sentindo. Eu diria que eles têm sua importância na mudança de nossos planos, de
nossos projetos porque, de certa forma, dão-nos dicas de como está nosso nível
de satisfação com a vida. Por isso mesmo, ela é considerada saudável pelos médicos.
A tristeza é algo passageiro. Ela
nos ajuda na elaboração de perdas. Se algo de ruim acontece em sua vida e você
não se sente afetado de maneira alguma, isso não é normal. Afinal de contas,
ter sensibilidade é algo imprescindível para que suas condutas sejam
redirecionadas, reprogramadas. Uma pessoa insensível é uma pessoa que, como
próprio nome indica, não sente e o processo de dessensibilização pode acarretar
sérios prejuízos ao indivíduo, já que ele fica “desprovido” de sinais
fundamentais para a orientação de seu comportamento e relacionamento com o meio
ambiente.
O tempo de duração da tristeza
não deve ultrapassar dois meses, pois acima deste tempo, considerar-se-á
depressão.
A depressão em contrapartida não
é um estado de tristeza. Não é pura e simplesmente um desânimo. É uma doença
que requer tratamento. É causada por fatores genéticos e ambientais. É
manifestada por um conjunto de sintomas: apatia em alguns e euforia em outros, falta
de interesse pelas coisas que normalmente geravam prazer, insônia ou excesso de
sono, cansaço, falta de apetite, irritação, perda de concentração. Está
enquadrada no CID- Código Internacional de Doenças- no grupo das Doenças
Afetivas.
A depressão pode causar prejuízos
em várias áreas da vida da pessoa diferentemente da tristeza. Como diria o
doutor Dráusio Varela: “a depressão é uma tristeza que não acaba mais”. Uma
pessoa triste sabe apontar o motivo de sua tristeza. Já o deprimido nem mesmo
sabe o por quê de estar sentindo-se mal.
Temos três modalidades de
depressão: a leve, a moderada e a profunda. É como se fosse uma evolução de
intensificação do quadro depressivo, indo do menos perturbador ao mais
perturbador.
Na depressão, o sujeito tem uma
espécie de déficit de substâncias que são fundamentais na sensação de bem-estar
e felicidade. São elas: dopamina, serotonina e outras. Por este motivo, o
médico indicará medicamentos que auxiliarão na reposição destas substâncias no
organismo, fazendo que com seu funcionamento se estabilize. Mas não são todos
os casos que exigem o uso de remédios. Alguns são resolvidos apenas com
psicoterapia e com a recomendação de atividade física que ajuda na produção
destas mesmas substâncias.
Enfim, essas são as diferenças
básicas entre tristeza e depressão. Então, você já sabe: se está triste, não há
motivo para grandes preocupações. Mas se essa tristeza já dura há mais de dois
meses, é hora de procurar o médico e o psicólogo para iniciar seu tratamento.
Um abraço e até mais!
Thatianny Moreira
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